Corremos o risco de colocar em cheque o caráter de Deus nos momentos
difíceis e turbulentos da vida. Corremos o risco de dizer com nossos
lábios que Ele é bom e cuida de nós, mas com o coração dizer que Ele é
displicente e se esqueceu de nós. Deus é imutável e eternamente bom. Faz
com que todas as coisas – veja bem, não algumas coisas, mas todas as
coisas – cooperem para o bem daqueles que amam a Ele. Verdades
grandiosas, que, contudo, podem não estar no devido lugar em nossos
corações. Cremos mesmo que Deus é eternamente bom, não muda, nem se
arrepende e é inegociavelmente fiel a Si mesmo e, por conseguinte, a seu
povo?
Muitas vezes, ao longo da vida, no trovejar das tempestades, nossos
ouvidos se distraem com os ruídos do mundo, nossos olhos lacrimejam
diante do sofrimento e temos dificuldades de enxergar o santo e imutável
amor de Deus por nós. São sonhos frustrados, amigos nos quais
confiávamos que nos traem, amores que nos roubam as forças e levam de
nós a esperança, desemprego num momento de instabilidade econômica,
doenças, a perda de um amigo ou um familiar querido, enfim, inúmeras são
as realidades de sofrimento que podem subverter nossa visão sobre a
verdade de quem é Deus, quão grande Ele é e quão perfeitos são Seus
caminhos.
Os nossos sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo para
nós uma glória eterna que pesa mais do que todos eles. Assim, fixamos os
olhos, não naquilo que se vê, mas no que não se vê, pois o que se vê é
transitório, mas o que não se vê é eterno. [II Co 4:17-18]
O pregador inglês C. H. Spurgeon dizia: “nossos sofrimentos são a
oficina de Deus”. Quando passarmos por aflições, não sejamos tão
rebeldes, não nos deixemos desanimar ou perturbar excessivamente por
elas, consideremos que as aflições são aberturas para conhecermos e
confiarmos mais em Deus, os sofrimentos são meios para a misericórdia de
Deus alcançar-nos, são portas para a graça e entradas para o amor
divino. É quando reconhecemos que nada somos que abrimos espaço em nós
para que Ele tudo seja. Consideremos, pois, as aflições verdadeiras
oficinas de trabalho de Deus, o grande arquiteto da história.
É preciso que tenhamos a firme convicção de que Deus não deixa de ser
fiel quando nos sobrevêm as dificuldades da vida. Ainda que você não
consiga harmonizar os misteriosos procedimentos de Deus com Suas
declarações de amor, confie Nele. Quando você for tentado a duvidar da
fidelidade dEle, resista, aguarde mais luz, pois na hora dEle, que é
certa e boa, você terá o entendimento correto e claro de tudo. Lembre-se
que agora vemos em parte, contudo, brevemente veremos face a face. Deus
é muito maior do que nosso pequenino intelecto humano pode compreender.
Lembremo-nos das palavras de Jesus a Tomé: bem-aventurados os que não
viram, mas creram. Nossa fé deve estar firmada no caráter imutável do
Deus Trino, em sua palavra e promessas irrevogáveis, e não em nossa
paupérrima percepção do que Ele faz ou deixa de fazer por nós aqui ou
ali. Não é o fato de não compreendermos totalmente os desígnios de Deus
que O torna menos do que Ele é e sempre será. Podemos passar bonança e
provação, paz e turbulência, escassez e abundância, podemos todas as
coisas naquele que nos fortalece. Que verdade poderosa! Façamos como o
apóstolo ensinou, fixemos nossos olhos naquilo que não se vê, pois
aquilo que se vê é transitório, mas o que não se vê dura para sempre!
Que assim seja todos os dias na minha e na sua vida. Não perca de vista o
caráter perfeito da pessoa gloriosa de Deus, aquele a quem temos o
grande privilégio de chamar de Pai.
Que Deus nos alcance!
Da Redação/Minha Vida Cristã
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