“Cuidado, se você insistir tanto no
Pecado recorrente chegará a hora que o Senhor não mais o perdoará”. Foi o
que eu ouvi em uma pregação de um pastor que tinha recebido o convite
para visitar nossa igreja. Devia ter uns 14 anos de idade e confesso,
essa pregação me perseguiu durante muitos anos. Imagine a cabeça de um
adolescente com todas as questões relativas a sexualidade, mentira,
sobre o que é certo e errado, foi um verdadeiro tormento.
Já entrou para a conta dos sem número
de vezes que tive de abordar o tema do “Pecado vs Perdão” e o que tenho
percebido é que “batemos cabeça” porque não conhecemos as escrituras.
Foi plantada dentro de nós a ideia de
que tudo na vida tem sua causa e sua consequência e de certa forma essa
afirmação não está incorreta, porém a questão é que nós não contávamos e
não contamos que antes mesmo da causa do que quer que seja, a graça e o
perdão já estão postos à mesa. Não quero, contudo, afirmar que o Pecado
não leva a morte e não traz consigo duras consequências locais e
devastadoras, agora são necessárias conceber algumas verdades.
Como disse o Lutero:
“O pecado não acaba totalmente enquanto vive este corpo.
Enquanto vivemos, também o pecado original vive, até o último suspiro.
Ele pode ser abafado, mas jamais aniquilado por completo, senão pela
morte física; Não é bom pensar que, depois da conversão, o pecado não
precisa ser levado a sério. Pecado é sempre pecado, seja ele cometido
antes ou depois de conhecer a Cristo (…) Os cristãos têm os mesmos
pecados e tão grandes pecados quanto os dos não cristãos. Porém o pecado
dos cristãos é perdoado; Não somente pecamos, como também continuamos a
pecar; Devemos nos humilhar, para que o mal horrível, chamado pecado
original, possa ser contido. Deus deseja nos livrar do pecado que está
grudado em nós”.
Engana-se quem acha que o fato de
entrar para um corpo religioso cristão garante a impecabilidade, quando
na citação Lutero fala que “o pecado dos cristãos é perdoado”, ele não
se refere aos participantes de uma instituição religiosa, mas daqueles
que se reconhecem em Cristo, perceba que não é necessariamente a mesma
coisa. Ele fala de uma convicção sustentada pela fé naquele que preparou
o antídoto antes do veneno.
Continuo citando Martinho Lutero:
“Enquanto você viver e até quando estiver morrendo, você tem
perdão. Se você sentir o peso do pecado esmagando-o, você ainda pode
dizer que seus pecados estão perdoados. Quando os seus pecados o
assombrarem, corroerem e aterrorizarem, você pode olhar mais para
Cristo, colocar sua frágil fé nele e segurar sua mão firmemente”.
A bandeira de paz da Trindade que
pagou a nossa conta estará sempre a eras de distância à nossa frente com
relação ao nosso pecado. Isso fica claro quando o salmista diz: “O
Senhor é bondoso e misericordioso, não fica irado facilmente e é muito
amoroso. Ele não vive nos repreendendo, e a sua ira não dura para
sempre. O Senhor não nos castiga como merecemos, não nos paga de acordo
com os nossos pecados e maldades (..) Pois ele sabe como fomos feitos;
lembra que somos pó” (Salmos 103.8-14)
O movimento de Cristo é sempre o de
perdoar. Ele não leva em conta os nossos méritos e deméritos, pois sabe
quem somos e o que somos capazes de fazer. Ao contrário dos “capatazes”
da religião que impõe sobre os ombros dos fiéis um peso incomensurável
para ao final oferecer uma falsa expiação e alívio de culpas por meio do
esforço humano que leva apenas à frustração e a constatação de que não
somos capazes de vencer o pecado com nossos braços. Exemplo: “Quer
namorar? Pergunte pra mim, seu pastor, quem é a pessoa ideal”; “Vai
namorar? Só pode pegar na mão ou então ficará no banco no ministério do
louvor”; “Não se aguentaram e transaram antes do casamento? Estão
debaixo de maldição e uma penitência severa deverá ser paga pra limpar a
barra do casal”; “Tem impulsos HOMOSSEXUAIS? Tinha é que tomar umas
porradas pra aprender a ser homem, sem falar que já começou o inferno
pra você”
Se percebermos que outro ensino está
vindo em direção contrária ao fato de que antes da culpa veio o perdão,
precisamos orar e pedir discernimento com relação a qual trilha seguir, a
do medo de um Deus castigador ou na liberdade de um Pai amoroso que não
deseja que pequemos, mas ainda que o façamos nos sustenta com seu
sacrifício, perdoando nossas faltas mesmo antes delas virem à prática.
Nossa maior idiotice é sentir medo de Deus.
Que tal ao invés disso mergulhar
neste universo de perdão e aceitação? Será que conseguimos oferecer um
abraço antes de sabermos se este ou aquele o merece? Será que estamos
prontos a seguir pela trilha do perdão que despreza às desculpas?
De uma coisa eu sei, nossos pecados
estão perdoados, vamos e não pequemos mais, no entanto, se o fizermos,
sabemos a quem recorrer quantas vezes for necessárias.
Que o Pai nos pegue no caminho.
Da Redação/Minha Vida Cristã
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Quem sou eu
Arquivo do blog
-
▼
2016
(15)
-
▼
abril
(8)
- Igrejas são queimadas e destruídas por `mapuches´ ...
- `Cidade Refúgio´ acolherá vítimas de perseguição r...
- Pecado repetido, perdão dobrado
- Sofrimento: a grande oficina de Deus
- A luz do evangelho e a sombra da religião
- Os evangélicos super-poderosos
- Igreja Evangélica Palavra da Cruz se Prepara para ...
- GOSPEL 2016 ELEITOS MELHORES CLIPES DOS ULTIMOS AN...
-
▼
abril
(8)
Nenhum comentário:
Postar um comentário